Observando-se diferentes fontes de informação científica, como o Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, o aumento do número de doutores e a produção científica brasileira, percebe-se que a área de epidemiologia, no Brasil, vem crescendo de forma surpreendente, nas últimas décadas. Paralelamente a este fato, a disponibilidade de livros textos de epidemiologia vem se tornando mais visível, ocupando um novo espaço nesta área científica. Mesmo que ainda não venha a esgotar o conhecimento acumulado mundialmente, o livro de Medronho e colaboradores vem enriquecer, sem dúvida, a sistematização do conhecimento da epidemiologia no Brasil e ocupar algumas lacunas ainda não preenchidas por outras publicações similares.
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Este livro de epidemiologia, no contexto da construção de uma área no país, é o resultado de profissionais, de reconhecida competência técnica, que conseguiram abordar, de forma mais aprofundada, conceitos epidemiológicos gerais e específicos importantes na formação de um profissional da saúde e de alunos da graduação e da pós-graduação, não deixando de abordar, também, outros temas do extenso campo interdisciplinar que compõem a epidemiologia.
Na primeira parte do livro são abordados conceitos básicos em epidemiologia. Inicia-se por uma visão da história, contextualizando alguns aspectos da mesma em nível mundial, para foca-la, em especial, no contexto nacional, seguindo-se, ainda, dos fundamentos da epidemiologia, levantando questões e lacunas do conhecimento na atualidade. Seguem-se a estes temas, um capítulo sobre as medidas de freqüência das doenças utilizadas na prática epidemiológica e uma abordagem dos principais indicadores de saúde, quanto a suas definições, construções e limitações, utilizando exemplos nacionais dos mesmos. São abordados, nos capítulos que se seguem, conceitos sobre a distribuição das doenças no espaço e no tempo, explorando, ineditamente, o emprego de técnicas de análise espacial. A Vigilância Epidemiológica também compõe um capítulo, onde um histórico desta área e os principais conceitos são abordados, são levantadas as diferentes etapas da vigilância, mostrando a composição do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, introduzindo questões relacionadas ao processo de avaliação destas atividades. A transição Demográfica e Epidemiológica é abordada de forma a permitir uma análise crítica do leitor frente às dinâmicas populacionais em países desenvolvidos do mundo e suas características no Brasil, discutindo a sua repercussão na saúde da população brasileira.
A segunda parte do livro é dedicada à Pesquisa Epidemiológica. Nesta parte são abordados os fundamentos científicos da pesquisa epidemiológica, os conceitos de causalidade, levando-se em conta a teoria das probabilidades e de técnicas estatísticas, o método científico e uma breve noção dos desenhos de estudos mais empregados na epidemiologia atual. No capítulo de Medidas de Efeito e Medidas de Associação são abordadas as medidas de associação do tipo razão, como o Risco Relativo, a Razão de Chances ou Odds Ratio, e as medidas de associação do tipo diferença, como o Risco Atribuível e o Risco Atribuível Proporcional. A seguir vêm cinco capítulos dedicados aos estudos mais utilizados em epidemiologia, como os estudos seccionais, de intervenção, de coorte, caso-controle e os estudos ecológicos. Todas as diferentes fases dos estudos são abordadas, desde a elaboração dos mesmos até sua análise. O fechamento desta segunda parte ocorre com um capítulo sobre validade em estudos epidemiológicos, onde são discutidas as possíveis distorções nestes estudos, ocorridas por diferentes formas de vieses, e outro capítulo sobre inferência causal, onde uma discussão sobre causalidade e epidemiologia sob o ponto de vista de diferentes modelos é realizada.
A parte quatro do livro trata da estatística em epidemiologia, fornecendo uma base sobre a análise exploratória dos dados, discutindo desde a coleta e organização dos mesmos e os conceitos fundamentais, incluindo as principais medidas de posição ou tendência central, apresentação gráfica e análise bivariada. A seguir são discutidas noções de probabilidade e distribuição de probabilidade, como a distribuição normal, binomial e de Poisson. O próximo capítulo trata dos testes diagnósticos, com suas propriedades e outras formas de se avaliar testes diagnósticos, como a razão de verossimilhança, assim como o emprego de testes múltiplos. O próximo capítulo se refere à Inferência Estatística. Neste são tratados problemas de estimação, testes de significância, inferências para proporções e médias. Uma tabela resumo com alguns problemas sobre inferência é oferecida ao leitor. Fecham esta parte do livro dois capítulos sobre amostragem, onde os diferentes tipos de amostras são apresentados e os elementos que influenciam a determinação do tamanho amostral são discutidos. Uma tabela resumo sobre tamanho amostral para alguns estudos epidemiológicos também é exibida. Segue a estes capítulos e finaliza esta parte do livro, uma discussão sobre associação estatística em epidemiologia, onde vários testes estatísticos são abordados para as diferentes situações e tipos de variáveis.
A quarta e última parte do livro trata-se de uma coletânea de tópicos especiais que abordam assuntos atuais e que se envolvem diretamente com a epidemiologia ou, ainda, que se referem a técnicas metodológicas que podem ser empregadas na análise de alguns estudos epidemiológicos. Fazem parte do primeiro grupo, um capítulo sobre os Sistemas de Informação em Saúde, Epidemiologia e serviços de Saúde, Epidemiologia e Ambiente, Epidemiologia e Saúde do Trabalhador, Dinâmica de Transmissão de Doenças, Paleoparasitologia e Paleoepidemiologia e a Regulamentação Brasileira em Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos. Formam o segundo grupo os capítulos sobre Análise de Sobrevida, Técnicas de Análise Espacial em Saúde e Meta-análise. Vários destes temas são inéditos em livros de epidemiologia no Brasil.
Este livro, como dito anteriormente, veio para aumentar a diversidade de livros para a área de epidemiologia no Brasil e aprofunda vários tópicos, especialmente referentes aos aspectos metodológicos, onde existia uma lacuna na literatura brasileira. Trata-se, sem dúvida, de uma importante referência a ser indicada para profissionais da saúde e para estudantes da graduação e pós-graduação.
A categoria dos estudos epidemiológicos descritivos é tema relevante, uma vez que existem inconsistências na literatura quanto a sua nomenclatura e classificação. Foram revistos livros de textos acadêmicos de epidemiologia, 19 estrangeiros e seis nacionais, sendo o critério principal tê-los disponíveis para revisão detalhada dos capítulos de epidemiologia descritiva e tipos de estudo. Em 11 livros, os autores dão prioridade aos estudos analíticos. Doze textos estrangeiros e dois brasileiros incluem estudos descritivos, apesar de a maioria não explicitar uma categoria específica com esse nome. Propõe-se uma classificação com base nas respostas a questões norteadoras de pesquisa, incluindo os seguintes tipos de estudos: relato de caso, série de casos, coorte clínica, estudo de prevalência, estudo de incidência (coorte) e estudo ecológico descritivo. Discutem-se as potencialidades do seu uso, a implementação de novos métodos de análise e sua relevância na vigilância à saúde.
Foram revistos livros de texto acadêmicos de epidemiologia da literatura internacional e nacional; o critério principal foi tê-los disponíveis para revisão detalhada dos capítulos de epidemiologia descritiva e tipos de estudo. Ao todo, o material que fundamenta a presente proposta corresponde a 25 livros de texto, sendo 19 estrangeiros e seis brasileiros. Tal material foi produzido por 27 autores ou grupos de autores. Em dois livros de texto, há dois capítulos de autores diferentes que tratam do tema.
Na Figura 1, são mostrados oito livros de texto estrangeiros, um com dois capítulos de autores diferentes, nos quais não há detalhamento dos estudos descritivos, porque se outorga absoluta prioridade aos estudos analíticos. Parte-se de uma das primeiras obras acadêmicas da área, o texto de MacMahon e Plugh (1970),22. MacMahon B, Pugh TE. Epidemiology, principles and methods. Boston: Little, Brown and Company; 1970. indo até uma das mais completas em sua reflexão teórica e aprofundamento metodológico, o texto de Rothman e colaboradores (2008).33. Rothman KJ, Greenland S, Lash TL. Types of epidemiologic studies. In: Rothman KJ, Greenland S, Lash TL. Modern epidemiology. 3rd ed. Baltimore: Wolters Kluwer; Lippincott Williams & Wilkins; 2008. p. 87-99. Nos mencionados textos, apenas se apresenta a epidemiologia descritiva e diferenciam-se as medidas de incidência e prevalência.
Thumbnail Figura 4 Citação de estudos epidemiológicos descritivos em livros de texto de epidemiologia produzidos no Brasil em que há algum detalhamento ou caracterização de estudos epidemiológicos descritivos 2ff7e9595c
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